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Capítulo 25: XXV

Página 387

Era o bando dos influentes da taberna do Canada, de cujo propósito estávamos prevenidos; agora, porém, já engrossado, como a corrente a que no caminho se encorporam as águas dos algares.

Entre os primeiros vinha o Sr. Joãozinho das Perdizes e ao seu lado o seu factotum Cosme.

Estes enraivados correram para o lugar onde parara o enterro, bradando em confusão:

- Alto lá! Alto lá! Ninguém se enterra aqui!

- Esperem! Isso não vai assim!

- Não façam a festa sem nós!

- Fora com os do cemitério!

- Morram os pedreiros-livres!

- Para a igreja!

- Enterre-se na igreja!

- Olá, Sr. abade, espere por nós!

- Aqui vamos para abençoar a cova!

E num momento o cortejo fúnebre viu-se rodeado de figuras avinhadas, gesticulando e vociferando pouco tranquilizadoramente.

O cruciferário e os padres, à excepção do velho que dissemos, abandonaram o posto; as crianças, pousando no chão e abandonando o esquife de Ermelinda, correram a acercar-se de Madalena, amedrontadas e chorosas.

A Morgadinha conservou-se junto do túmulo da mãe, olhando com serenidade para os revoltosos, mas intimamente sobressaltada.

E no meio do grupo o cadáver de Ermelinda, com aquele sorriso nos lábios, como de anjo que já de longe estivesse vendo o desencadear das paixões humanas, e rindo de piedade.

O velho cura foi quem interrogou com voz firme e severa os amotinados.

- Que querem daqui? - perguntou ele, fitando-os. - Com que fins vieram perturbar, com desordens de taberna, as cerimónias religiosas?

- Não queremos que ninguém se enterre no cemitério - respondeu o Sr. Joãozinho.

- É verdade! É verdade! Ninguém se enterra aqui! - confirmaram diferentes vozes.

- Porquê? - continuou o padre. - Julgam que Deus não receberá as almas, cujos corpos não estejam lá dentro, a apodrecer sob os telhados da igreja e a envenenar o ar que se respira lá?

- Não queremos saber de contos.

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pág. 387 (Capítulo 25)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 387

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506