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Capítulo 26: XXVI

Página 400

Encaram o assunto por todos os lados, parafraseiam-no de mil formas e estendem milagrosamente por muitos períodos aquilo que a um homem a custo daria para uma magra oração.

- Mas onde estavas tu? Sim, eu quero saber onde é que tu estavas. Faça o favor de me dizer onde é que estava!

Isto dizia D. Vitória a um criado, estatelado diante dela, com a cara e postura de réu.

Eu... senhora... - ia ele a dizer.

- Eu senhora... eu senhora... eu nada. Ora é o que é. Um desaforo assim!... Eu só quero saber se vossemecê ganha soldada para andar lá por onde muito bem lhe parece. Por as tabernas... por as vendas... Porque ele não há mais... Como o dinheiro se vai roubar à estrada... O que tu merecias... Estou eu aqui a chamar há mais de duas horas e vossemecê aparece-me lá quando é muito do seu gosto! Isto atura-se? A culpa tem quem eu sei... Tu cuidas que mandriar não é roubar?

- Mas...

- Cale-se! Ouça e cale-se. Tens a língua muito pronta para responder. Ora toma-me cautela, senão vais já, já pela porta fora. Pouca vergonha! Uma pessoa aqui aflita, com as coisas por fazer, a querer mandar onde é preciso e não aparece um criado nesta casa! A pagar-se aqui umas soldadas por aí além, e, quando se quer o serviço feito, tem uma pessoa de o fazer por suas mãos!... Tu cuidas que isso não é pecado também? Deixa, meu amigo, que tens boas contas a dar de ti. Quem é que lhe deu licença de sair sem ordem de seus amos? Faz favor de me dizer?

- A Sr.ª Cristininha...

- Eu não quero saber da Sr.ª Cristininha, quero saber mas é quem lhe deu licença para sair!

- Mas é o que eu estou dizendo à senhora.

- É muito padre-mestre. Ora não seja confiado e veja como responde.

Enfim, este diálogo prometia ser eterno, não obstante a urgência de serviço de que falava D.

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pág. 400 (Capítulo 26)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 400

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506