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Capítulo 26: XXVI

Página 399
Facto que destoasse dos monótonos hábitos do seu viver de muitos anos já a lançava em sérios embaraços. Ela própria confessava que inda havia pouco tempo principiara a afazer-se à estada de Henrique em Alvapenha, e a fazer o que era seu costume fazer antes de ele vir.

É, pois, evidente que D. Doroteia pouco mais podia fazer do que rezar, e para isso ninguém estava mais habilitado do que ela. Em relação à corte celestial era a boa senhora como estes almanaques vivos, que nos sabem dizer todos os canais por onde os diferentes negócios poderão ser melhor conduzidos nas cortes... terrestres... Conhecia a especialidade de cada santo e para cada um tinha uma fórmula de requerimento particular.

Cristina não a consentiu por muito tempo no quarto de Henrique, onde, com as melhores intenções, mais embaraçava o serviço do que auxiliava; usando de uma débil violência, foi-a levando para a sala do oratório, onde ela encetou uma reza sem fim.

Quando a Morgadinha chegou, ainda perturbada com as cenas do cemitério, e soube do sucedido na taberna, correu, assustada, para verificar a realidade do que lhe diziam.

Nos corredores encontrou um criado caminhando apressado num sentido, uma criada em sentido oposto, enquanto que, na sala próxima, D. Vitória tocava freneticamente a campainha a chamar por ambos.

Madalena dirigiu-se para lá.

Quando entrou, estava D. Vitória pronunciando uma daquelas intermináveis e arrevesadas objurgatórias, de que só a fecunda verbosidade feminina é capaz. Em geral as mulheres, seja dito antes em honra do que em censura do sexo, são oradoras de muito mais fôlego que os homens que blasonam de eloquentes. O assunto mais simples, uma colher que se perdeu, uma peça de louça que se quebrou, por exemplo, fornecem-lhes tema para uma prédica de duas horas.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 399

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506