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Capítulo 27: XXVII

Página 410

- E queria que eu ficasse, Cristina? - perguntou Henrique, sob o domínio desta impressão.

Cristina não respondeu logo.

- Deixe-me acreditar que sim; é bastante generosa para isso, para não ver partir sem saudade o homem a quem salvou com os seus extremos de irmã. Esta ideia será a minha consolação; deixe-me partir com ela.

- Partir?... Mas... para que há-de partir?

- Então quer que me fique perpetuamente com aquela boa tia Doroteia, cuja vida plácida vim alterar com os meus hábitos cidadãos?

- Pois não lhe custaria ela mesma vê-lo partir?... E depois... que vai fazer para Lisboa? Adoecer outra vez, ou cismar que está doente, que é quase a mesma coisa.

- E dar-me-á sempre a sua amizade se eu ficar?

- Porque havia de lha negar?

- Tempo virá em que outros me disputarão a menor porção de afecto que me conceder, Cristina... e então... então é que eu ficarei mais só do que nunca... ou mais do que nunca sentirei que o estou.

- Anda só, porque quer... Não há tanta gente por esse mundo?

- Então a menina não sabe que se está só mesmo em companhia? Quem está só é a alma. Ai, a alma está só quase sempre!

- Porque quer.

- Porque desconfiou das companhias que se lhe ofereciam, e porque não obteve a que desejava. Além de que há almas tão tristes que intimidam as outras. E a minha é dessas. Ora diga, se eu lhe pedisse para fazer companhia à minha alma, a esta alma melancólica e sombria com que nasci, não hesitaria? Confesse.

Depois de um momento de silêncio e hesitação, Cristina respondeu:

- Se a companhia da minha fosse bastante para desfazer essa tristeza...

- Concedia-ma?

- E porque havia de negar-lha?

Henrique tomou-lhe a mão, apaixonado.

- Cristina, sabe que essas palavras podem fazer-me conceber loucuras? Se o meu coração é tão ousado.

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pág. 410 (Capítulo 27)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 410

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506