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Capítulo 27: XXVII

Página 411
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Cristina, corando, retirou a mão de que Henrique se apoderou, e, levantando-se sobressaltada, disse:

- Julgo que são horas do seu remédio. Vou preparar-lho.

E fugiu, correndo em direcção de casa.

Cenas mais ou menos análogas a esta reproduziam-se todos os dias durante a convalescença de Henrique. Reinava o idílio e uma como perfumada atmosfera, que exercia profundas revoluções no carácter de Henrique e de Cristina. Ele ia perdendo de dia para dia aquelas exterioridades artificiosas que Madalena por tanto tempo combatera em vão; ela, Cristina, ganhando vida, actividade, sofrendo uma dessas metamorfoses análogas às da vida de borboletas; da infância, estado de crisálida para a imaginação, passara à verdadeira juventude, ao período em que a imaginação ganha asas, em que o coração se completa.

Desde que Henrique se achava em estado de passear, não havia razão plausível para permanecer no Mosteiro; portanto tornou-se inevitável a mudança para Alvapenha.

Já se não fez sem lágrimas a despedida.

Choraram as crianças, chorou D. Vitória e a própria Madalena se sentiu comovida; só Cristina não se achava na sala em que se passou a cena.

Encontrou-a Henrique no patamar da escada por onde tinha que sair.

Seria casual esta circunstância? Henrique não perguntara por Cristina; dizia-lhe o coração que a encontraria ali.

- Volto à minha solidão, Cristina - disse-lhe, comovido. - Não lhe tinha eu dito?

A pobre menina quis sorrir, mas do esforço que para isso fez só lhe resultaram lágrimas.

- Não diga mais nada - disse Henrique, levando aos lábios a mão, que ela não retirou. - Essas lágrimas bastam-me.

Escusado é dizer que estas palavras mais lágrimas produziram.

E Henrique desceu do patamar com a vista enevoada por elas.

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pág. 411 (Capítulo 27)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 411

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506