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Capítulo 27: XXVII

Página 413

Sabemos já que se gozava dali um panorama extenso e ameníssimo. A tarde parecia de Primavera. Henrique corria com prazer a vista pelos diferentes lugares da Quinta de Alvapenha, com as suas noras e medas, colmeias, eiras, cabanas e sebes. Era uma verdadeira quinta rural, ressentindo-se, porém, um pouco de ser a proprietária dela uma senhora velha, e com pouca actividade para tratar de lavouras.

Pouco a pouco deixava Henrique de ver a quinta como ela era.

Principiava a visão interior.

As árvores copavam-se de folhagem; messes aloiradas ondulavam nos campos; numerosos rebanhos cobriam os lameiros extensos; atulhavam-se de cereais os celeiros; alastrava-se de grão o chão das eiras; gemiam as noras e os lagares; soltavam-se às presas os diques, e uma verdadeira rede líquida envolvia em suas malhas a vegetação dos campos; alvejavam as camisas dos ceifadores e ecoavam nos montes e arvoredos as cantilenas aldeãs; e os mais característicos e poéticos episódios da vida agrícola desenrolavam- se aos sentidos, deleitosamente alucinados, do sobrinho de D. Doroteia. Era uma perfeita geórgica! E ele a dirigir todos os trabalhos, a regular o serviço, verdadeiro patriarca ao modo antigo; e ao seu lado, e em toda a parte, à sombra de uma árvore, à borda do tanque, debruçada no muro, por entre os silvados das sebes vivas, uma figura suave, casta, adorável... a figura de Cristina! Quem meses antes adivinharia que Henrique de Souselas, o homem elegante, o homem da moda, em quem estavam encarnadas todas as qualidades boas e más da sociedade que frequentava, havia de ter uma visão como esta? No quase êxtase em que a imaginação o lançara, permanecia ainda, quando soube que o procuravam de mando das senhoras do Mosteiro.

Apressou-se logo a receber a visita.

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pág. 413 (Capítulo 27)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 413

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506