- É verdade! Aí temos mais um a votar contra o conselheiro desta vez.
- Quem? O Vicente? Esse sim! Então não sabes que o pobre velho já se não levanta da cama?
- Ai não?
- Andava já muito fraco e doente; mas, há três dias, sobretudo, tem ido de pior a pior, e com uma pressa que, segundo ouvi dizer, aquilo está por pouco tempo; nem deita a semana fora.
- Coitado!
- Aí vem quem ainda hoje o viu. Não é verdade, Sr. Pertunhas?
- O quê, meus amigos, o quê? O que é que é verdade? O que é que dizem? - perguntou o mestre de latim, esfregando sempre as mãos.
- Não é verdade que o Vicente ervanário está a ajustar contas?
- Oh! pobre de Cristo! Aquilo corta o coração! Sempre eu digo que uma crueldade assim, como a do conselheiro!
- Muito do povo daqui vem votar contra o conselheiro só por causa do mal que fez àquele santo velho.
- E com razão.
- E então para quê, senhores, para quê? - continuava o Pertunhas.
- Para fazer uma estrada em que se gastam rios de dinheiro, e que afinal não presta! Pois eu passei por a casa do ervanário há pouco, quero dizer, por a casa do Augusto, que é onde vive agora o Vicente. O rapaz estava à porta. Então, Sr. Augusto, disse- -lhe eu, à urna! Vamos à urna! Ele encolheu os ombros como quem diz: «Bem me importa a mim com isso».
- Aí está outro, que também não é pelo conselheiro.
- Porque não ? Pois não é ele todo do Mosteiro?
- Foi, foi - replicou o Pertunhas. - Então vossemecê não sabe que o conselheiro, depois de lhe fazer a fineza de lhe arranjar a demissão, inda por cima o pôs fora de casa, porque pelos modos o rapaz... fez publicar umas certas cartas... que comprometiam o homem? A falar a verdade, também não foi bonito.
- Fez ele muito bem.
- Mas, como