Não lhe bastou o natural do quadro; quis revesti-lo de um figurino de convenção. Perdoe-lhe a arte, que julgou servir.
Depois de distribuir mais alguns beijos pelas crianças, a gentil rapariga passou a que tinha no colo para os braços da mãe e partiu rodeada de agradecimentos e bênçãos, perdendo-a Henrique de vista, por entre as árvores do caminho.
Aquele tipo delicado de mulher, aquela singeleza do apurado gosto, em que não podiam enganar-se olhos conhecedores, como os dele, aquela preciosa pérola ali na aldeia! Em uma terra para chegar à qual era necessário fazer uma comprida e laboriosa jornada! Donde viera ela e como? Que nuvem a trouxera? Que viração a transportara? Em tudo isto ficou a pensar Henrique, e, quando se lembrou de que podia, para esclarecer-se, interrogar alguém do grupo, já não ia a tempo; tinham dispersado.
Conseguiu finalmente passar para a devesa, e foi sentar-se no lugar em que lhe aparecera a visão e aí se demorou algum tempo; mas, lembrando-se de que eram quase onze horas, levantou-se para não faltar às promessas feitas à tia Doroteia, e que eram: a de visitar as senhoras do Mosteiro e a de estar em casa pouco depois do meio-dia, para não transtornar a regularidade dos hábitos domésticos em Alvapenha.
Pediu, pois, a uma criancita, que passava, que o guiasse à quinta do Mosteiro, e aí chegou depois de um quarto de hora de caminho.