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Capítulo 32: XXXIII

Página 496
Julgo que não se enganou o primo Henrique. Também eu descobri esse afecto em Augusto. Nasceu-lhe no coração e não na cabeça, meu pai. Há muito que o sei e nunca a descoberta me causou o espanto que vejo nos outros. Digo mais: causou-me orgulho. Orgulho, sim, porque é natural senti-lo por ter inspirado sentimentos daquela ordem a um carácter generoso que, experimentado pelo infortúnio, saiu sempre da prova mais nobre e mais puro do que dantes.

O conselheiro, que ouvira a filha com impaciência, acudiu, em tom profundamente irritado:

- Bem, bem; deixemo-nos de loucuras e de poesia, Lena. Vê lá se me queres fazer acreditar que a vida da aldeia te estragou o natural bom-senso, até o ponto de tomares a sério fantasias e criancices.

- Não é fantasia nem criancice; é uma resolução de mulher - respondeu Madalena, com firmeza.

- Uma resolução de criança, que está na minha mão remediar - tornou o conselheiro, como quem desejava cortar o incidente.

Porém, para o génio de Madalena já não era possível recuar nem parar; replicou:

- Talvez não. E deixe-me então dizer-lhe tudo, meu pai.

Augusto nunca me revelou esse segredo do seu coração. Adivinhei--lho eu. Longe de procurar ser entendido, ocultava-se e fugia; ainda ontem estava resolvido a deixar a aldeia para sempre.

- Mas ficou - notou o conselheiro com ironia.

- Ficou - respondeu tranquilamente Madalena - porque eu lhe pedi que ficasse.

O conselheiro, ouvindo estas palavras, estremeceu de surpresa e fitou a filha com olhar severo e interrogador.

A Morgadinha prosseguiu com uma serenidade que ocultava um esforço interior.

- Ficou, porque eu lhe disse que o havia compreendido e que aceitava a afeição desinteressada e pura que ele guardava no coração; ficou,

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pág. 496 (Capítulo 32)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 496

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506