Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 32: XXXIII

Página 497
porque eu, que só tarde soube do desespero que o obrigava a partir, e que o sabia tão leal como pobre, tão inocente como perseguido pelo infortúnio, eu, que o vi quase expulsar desta casa, sob o peso de uma acusação em cuja verdade nunca pude acreditar, julguei do meu dever ir eu própria procurá-lo para lhe estender a mão e dizer-lhe: «fique, e prometo-lhe que todos lhe farão justiça em breve».

Quando Madalena acabou de dizer estas palavras com firmeza e exaltação crescentes, ninguém ousou falar na sala; e os olhos de todos dirigiram-se instintivamente para o conselheiro.

Cristina tremia; as outras senhoras pasmavam; Henrique e Ângelo sentiram-se profundamente inquietos.

Todos viram passar por diferentes cores as faces do conselheiro, os lábios agitaram-se-lhe num tremor convulso, e, com a voz evidentemente alterada pela cólera, disse para a filha, passados alguns instantes:

- Pois saiba, senhora, que para as leviandades de uma rapariga estouvada, há meios mais racionais do que esses que parecem naturalíssimos à sua razão estragada pelos romances. Eu ainda não prescindi da minha autoridade paterna, e ela me servirá para corrigir essas levezas, de que deveria envergonhar-se.

Esta cena de família aumentava cada vez mais a dificuldade da posição de todos os que estavam presentes. Ninguém ousava intervir, ou, desejando-o, ninguém sabia a maneira de o fazer.

Entre as falsas situações, em que nos achamos às vezes nesta vida, poucas se podem comparar, no incómodo que produzem, à de assistir a uma questão doméstica, por qualquer motivo que seja originada.

Quem se conservou daquela vez menos inactiva foi Cristina, que prendeu Lena nos braços, não sei se para instintivamente a defender, se para reprimir-lhe o ímpeto de reacção que receava nela.

<< Página Anterior

pág. 497 (Capítulo 32)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 497

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506