Inteligência temperada por um bom-senso natural, que a educação esmerada não estragou, como a tantas acontece; carácter apaixonado, mas de trato afável e insinuante, meiga sem indolência, grave sem severidade, acompanha-a o encanto que a todos prende, que não faz sentir a ninguém o peso da obediência.
É hoje quem tudo dirige no Mosteiro; querida pelos primos, querida por D. Vitória, adorada pelo marido e abençoada pelo povo, que socorre com esmolas e conselhos, pode bem dizer-se que reina naqueles sítios.
D. Vitória resignou na sobrinha todos os encargos domésticos, salvo o direito de ralhar com os criados, que ela sustenta serem os piores do Mundo; pronta sempre a intervir a favor de qualquer deles, quando despedidos.
Em relação às personagens secundárias desta história pouco teremos a dizer.
O Brasileiro fez as pazes com o conselheiro, porque este, logo que entrou para o ministério, mandou lavrar o decreto em que se nomeava visconde de não sei quê o seu antigo inimigo. Foi este o primeiro acto político do gabinete, que o país ingrato teve a sem-razão de não aplaudir.
O Brasileiro, em paga, entrou com Augusto em competência de melhoramentos locais, com grande proveito da aldeia.
O Sr. Joãozinho, em vista desta fusão de partidos, achou-se incorporado na liga, e em pouco tempo teve ocasião de demonstrar de novo a sua influência eleitoral, trazendo compacta à urna a freguesia de Pinchões, para reeleger o conselheiro, que, pela sua nomeação, perdera o lugar de deputado. - Desta vez ninguém lho disputou, e era edificante ver o Brasileiro ao lado do Tapadas, esquecidos antigos ódios, votando de comum acordo e boa harmonia.
A reconciliação entre dois adversários comove sempre a alma! O Sr. Joãozinho não mudou de hábitos e cada vez tem mais dívidas, mais cães, e mais bebedeiras.