Madalena sorria, examinando o tema.
Henrique ia a fazer não sei que pergunta a Madalena, quando, à mesma porta por onde ela entrara, apareceu o mestre, de quem se falava.
Augusto, que assim se chamava o recém-chegado, era um rapaz de pouco mais de vinte anos de idade; de rosto pálido e fisionomia inteligente.
Ninguém adivinharia naquele tipo um mestre-escola de aldeia.
Trajava com simplicidade, porém, com asseio e gosto, e havia em toda a sua figura certo ar de distinção que feria quem pela primeira vez o visse.
Num leve pendor da cabeça, no olhar penetrante e fixo, e nos lábios, como habituados a fecharem-se à saída dos pensamentos íntimos, lia-se o carácter pouco expansivo daquele adolescente.
Madalena dirigiu-lhe a palavra, em tom de manifesta deferência.
- Como vão os seus discípulos, Sr. Augusto?
- Optimamente, minha senhora - respondeu o interrogado.
- O Sr. Augusto - disse Madalena, apresentando-o a Henrique - o primeiro mestre de meu irmão Ângelo e hoje mestre de Mariana e de Eduardo.
- Esquece-se, minha senhora - acrescentou Augusto -, que de Ângelo sou discípulo também, e mais discípulo do que fui mestre.
- Do que me esqueci, e, a falar verdade, não devia, foi de que de Ângelo é efectivamente mais do que mestre, é amigo; assim como de todos nós. Este senhor - continuou ela, concluindo a apresentação - é o Sr. Henrique de Souselas, que se esperava em Alvapenha; é ainda nosso primo.
Os dois cortejaram-se com afável delicadeza.
- Teve carta de Ângelo? - perguntou em seguida a Morgadinha.
- Não recebi ainda o correio de hoje.
- Nem nós; e é de estranhar que meu pai pelo menos não me escrevesse! Ângelo não virá passar a festa connosco? Pobre rapaz! Parece que renasce quando se vê aqui.