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Capítulo 6: VI

Página 82

Ao sair dali, Augusto seguiu através de campos e à beira de valados, com aquele ar pensativo que lhe era peculiar.

O pouco que da história dele soubemos, pelas palavras da Morgadinha, é bastante para que nos não admire a quase incessante melancolia de Augusto.

Aos vinte anos e sem família! Com inteligência e mal podendo, à custa de sacrifícios, cultivá-la, e elevá-la à altura das suas aspirações! Alma generosa e compassiva, tendo muita vez de limitar-se a chorar os infortúnios que via, porque a pobreza lhe negava meios de remediá-los!... Não serão estas ainda nuvens bastantes para toldarem a luz de uma existência, embora a juventude a ilumine? Havia alguns anos que esta disposição para a tristeza se exacerbara em Augusto. Coincidiu o facto com algumas circunstâncias, que convém referir.

A morgada dos Canaviais, madrinha de Madalena e de quem viera a esta o nome de Morgadinha, pelo qual mais conhecida era na aldeia, havia, ao morrer, instituído um legado a favor de Augusto, então criança, com a condição de ele abraçar a vida eclesiástica.

O conselheiro, pai de Madalena, devia administrar este legado, educando o rapaz nas escolas de Lisboa ou Porto, desde o dia do seu primeiro exame até o da primeira missa, porque nesse lhe entregaria o capital por inteiro.

Isto sucedeu no tempo em que a mãe de Augusto, que havia dois anos viuvara, lutava com a miséria, e o rapaz, pela sua penetração e pelo entusiasmo com que aprendia, causava o espanto do velho mestre-régio da localidade.

Foi por todos abençoada a memória da morgada, por tão bem cabido legado, que era, ao mesmo tempo que remédio às privações de uma família, prémio e estímulo à inteligência e à aplicação de uma criança, que prometia vir a ser... Deus sabe o quê.

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pág. 82 (Capítulo 6)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 82

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506