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Capítulo 6: VI

Página 85
Exagerando- se, dizia-se por lá que em toda Lisboa corria a fama do rapaz, e houve até quem não hesitasse em afirmar que a criança confundira os mestres, que fora uma maravilha.

O mestre-escola reclamou para si a glória do acontecimento, fundando-se em que, através do discípulo, resplandecia a ciência do mestre.

Os invejosos disputavam-lhe, porém, tão inquestionável glória e riam-se dele.

A pobre mãe, essa, levou todo o dia a chorar de prazer e a render graças à Virgem, a quem tanto encomendara o filho.

Voltou Augusto à terra.

Era o rapaz o assunto de todas as conversas; olhavam-no como um prodígio. Todos o queriam ver, como se até ali não o tivessem visto bem, e de feito todos o foram ver; nem o abade, nem o administrador, nem o presidente da Câmara faltaram. Foi tudo. Pois bem: de tantos que o viram, não houve um só que não notasse que o pequeno vinha triste.

Ninguém contestava o facto; que ele como que saltava aos olhos; as interpretações é que variavam.

- Aquilo é dos ares de Lisboa; a quem não está costumado... - dizia um.

- São canseiras de estudos - aventava outro. - Há lá coisa que puxe mais por uma pessoa do que o estudo!

- Não que vocês cuidam! Um exame sempre abala a gente cá por dentro - dizia um doutor, que levara dez anos a vencer um curso de cinco.

Fosse pelo que fosse, Augusto trouxera de Lisboa uma melancolia, que os ares da sua terra não dissiparam e que aumentava sempre que lhe falavam no futuro e no legado da morgada.

Quem mais a estudou, e sentiu aquela súbita melancolia, foi, como era de supor, a receosa mãe. Deus sabe que noites mal dormidas, que sustos e que íntimos terrores ela lhe causou! Perguntas, súplicas, arguições, lágrimas, promessas, nada tiravam de Augusto, que teimava

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506