A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 6: VI Pág. 89 / 508

Augusto aceitou com prazer a incumbência, que, sobre adequada aos seus gostos, lhe abria uma carreira que ele já imaginara adoptar.

De então nasceu uma íntima amizade entre Ângelo e Augusto.

Foram rápidos os progressos do discípulo, e não menos reais as vantagens que ao mestre resultaram do ensino, que lhe desenvolvia cada vez mais a inteligência. O conselheiro tinha motivos para estar satisfeito da escolha.

Ao fim de um ano as repugnâncias de Augusto em aceitar o legado eram as mesmas; o egoísmo paternal do conselheiro não o deixou ser muito ardente a combatê-las. Espaçou-se mais uma vez a decisão.

Outras lições apareceram a Augusto, as quais ele acolheu com gosto; o mestre-escola reclamava também muitas vezes o seu auxílio; compadecido da sua velhice, Augusto nunca lho recusou.

O velho acabou por declinar nele o serviço todo, sem que Augusto consentisse em receber por isso o menor estipêndio.

O público não se cansava de perguntar quando seria que o rapaz principiaria os seus estudos em Lisboa e por que não o fazia já. Como não obtivesse resposta, comentava o facto, como costuma comentar todos os que não entende.

No entretanto, a educação de Augusto não ficara estacionária.

Com grandes sacrifícios a continuara ele; e num ermo, como era aquela aldeia, tinha muito de milagre o que fazia.

O latim de mestre Bento já mal satisfazia às impaciências de espírito deste discípulo entusiasta; e não raro que a inteligência de Augusto visse mais fundo nos textos do que a experiência do mestre.

O caso favoreceu os desejos do estudante.

Numa freguesia próxima estava, como abade, um doutor em Teologia, homem de sólido saber e de reputação extensa.

Um dia em que, por convite do seu colega, viera assistir e





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