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Capítulo 6: VI

Página 90
pregar na festa do orago da aldeia, o padre encontrou-se com Augusto na sacristia e, conversando-o, admirou-lhe a penetração, cativou-se da sua modéstia e lamentou não estar mais perto dele, porque o auxiliaria, como pudesse, nos estudos.

Augusto perguntou-lhe se era sincera aquela vontade; afirmando- lhe o padre que sim, respondeu que não seria então estorvo a distância, porque ele a venceria.

E, daí em diante, duas vezes por semana, às quintas-feiras e domingos, franqueava légua e meia dos mais escabrosos caminhos, para ir ouvir as lições do erudito abade. Assim se aperfeiçoou na latinidade, cultivou a Filosofia e adquiriu o gosto pelos nossos velhos prosadores e poetas. Vinha de lá carregado de livros para ler durante a semana. Toda a biblioteca do padre lhe passou pelas mãos.

Era, porém, o teólogo clássico exclusivo e nada visto em línguas e literaturas modernas.

A sorte não recusou ainda a Augusto um novo mestre.

Entre os muitos estudos de estradas, de que os governos em Portugal fazem proceder, vinte anos antes, a construção definitiva de uma só, que de ordinário sai sempre como se não fosse tão estudada, um houve que levou à aldeia, em que eu e o leitor nos achamos, um engenheiro que aí fez quartel e centro de operações, durante três meses inteiros.

A casa em que ele se alojou ficava próxima da de Augusto. Cedo travaram conhecimento os dois. O engenheiro o menos que possuía eram livros de Matemática; mas, quanto a literatura moderna, trazia nas malas e baús uma excelente provisão.

Não tendo que fazer às noites, entreteve-se a ensinar o francês a Augusto e a ler-lhe os livros da sua biblioteca portátil. Voavam as horas a Augusto naqueles serões; neles aprendeu todos os nomes da nossa literatura moderna, bem como os principais da França e de Inglaterra.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 90

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506