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Capítulo 15: XV - Vida inglesa

Página 180

Sorriu a boa fada, ao ver assim os dois,

E repetiu ainda: – «Ai, que pesados sois!»

É que, após a mulher, seguiu-se o marido

Estreitamente aos pés da terna esposa unido.

Ao vê-lo, inda outra vez a meiga fada riu,

E, leve, para a praia o voo dirigiu.

Com este cacho vivo, esta humana cadeia

Cujos elos o amor piedosamente enleia.

Pousando o livro, Jenny continuou:

– Seguem-se mais quatro versos, consagrados à moralidade do conto, os quais talvez me julgues dispensada de ler, por inúteis.

– Decerto. A alegoria é transparente, até sem comentários. Mas, diz-me tu uma coisa, Jenny: que faria ou que diria a boa fada se, pairando sobre a praia, um dia, em que as marés não fossem vivas, nem o mar ameaçasse devorar a piedosa família… que faria ou diria ela, se encontrasse os três formando o cacho vivo da imagem, tão ridículo nesse caso, como tocante nas condições em que o considera a lenda? A fada por certo que sorria também, mas acrescentando dessa vez: «Ai, que varridos sois!» Diz-me agora se queres que eu junte alguma coisa também, correspondente aos tais quatro versos de moralidade que suprimiste? – terminou Carlos, tocando levemente as faces de Jenny, e com um sorriso triunfante, ao qual ela correspondeu com outro, mas replicando:

– Não, não é preciso. Mas repara, Charles, que as tempestades no mar formam-se às vezes em um momento. E ninguém pode prever a época em que é para recear o perigo. Não viste como os pescadores voltavam a casa, «alegres todos três», portanto confiados no mar? Se, tendo esta confiança, se houvessem separado e não caminhassem com as mãos unidas? Ao vir a maré, nem Amel procuraria que a esposa lhe sobrevivesse, nem Pennor tentaria salvar o filho, nem o cabelo louro da criança, vindo à tona

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pág. 180 (Capítulo 15)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 180

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432