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Capítulo 3: III - Na Águia de Ouro

Página 23

Que era noite solene para a casa, aquela casa que tem já dado que entender a ministérios e a empresários líricos, não podia haver dúvida.

Cá em baixo, os serventes do café falavam a meia voz e mostravam no olhar certo ar de preocupação, certa importância no gesto, como se efectivamente se estivesse passando coisa de momento no andar de cima.

O café contrastava, porém, com a animação que se percebia nas salas da hospedaria.

Estavam desertos os lugares daquela abafada quadra, em cujas paredes ainda então existiam, e ameaçavam perpetuar-se, reproduções em lona dos combates que restabeleceram a independência da Grécia; a luz amortecida dos candeeiros não dissipava as sombras dos recantos.

O marcador do bilhar cabeceava com sono.

Os bailes de máscaras tinham derivado dali até os homens políticos. Naquela noite as discussões sobre a Guerra da Crimeia, então na ordem do dia, travavam-se ao som das valsas e das mazurcas, nos teatros.

Não é pois neste lugar, agora melancólico e quase lúgubre, que eu pretendo demorar o leitor.

Subamos e, por entre os criados que encontrarmos nas escadas e corredores, penetremos na sala de onde provém o ruído de festa que já noticiámos.

O leitor por certo conhece o recinto. As suas particularidades arquitectónicas não requerem também as fadigas da descrição.

É um jantar de rapazes a festa a que viemos assistir.

Chegámos, porém, tarde.

O fumo dos charutos enevoa a sala e empana o fulgor das luzes; o jantar vai no fim, a desordem portanto no ponto culminante.

Há já cálices partidos, vinhos preciosos extravasados, convivas em todas as posições, algumas indescritíveis.

A vozearia é atordoadora. A confusão pode dar uma ideia de Babel.

Tratam-se simultaneamente todos os assuntos; as

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pág. 23 (Capítulo 3)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432