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Capítulo 35: XXXVI - A defesa da irmã

Página 399
rapaz de outros tempos?

– Provas?

– Se eu te mostrasse que ele hoje, ainda como dantes, não hesita, para satisfazer doidas e pouco delicadas fantasias, em cortar por certas contemplações, respeitáveis para quem possui intactos os sentimentos de família, ridículas talvez para ele?

– É injusto… demasiadamente severo para Charles, senhor.

– Pergunta-lhe se foi em homenagem a essa rapariga, por quem o imaginas apaixonado há tanto tempo, que ele vendeu o relógio, de que no dia dos seus anos eu lhe tinha feito presente. Afligiu-me este facto, não por o valor do objecto, mas porque me revelou uma fraqueza na alma de meu filho, uma tibieza nos sentimentos de dignidade, que não esperava encontrar nele.

– Charles afirmou-me que fora um motivo poderoso o que o obrigara…

– Mentiu! – disse Mr. Richard com azedume.

– Ó senhor! – exclamou Jenny, como exprobrando-lhe a dureza da expressão.

– O motivo sei eu qual foi…

– Terá provas certas de que o sabe?

Mr. Richard vacilou a esta pergunta, dizendo depois:

– Quase evidentes.

Jenny sorriu ao repetir:

– Quase.

Mr. Richard, como excitado por aquele sorriso, insistiu:

– Decerto não foi Cecília a pessoa que nesse dia procurou teu irmão e o acompanhou de carruagem até à loja do ourives onde se efectuou a venda?

Jenny soube pela primeira vez estas particularidades, mas, animada pela confiança que o irmão lhe soubera inspirar, disse sem hesitação:

– São esses os únicos fundamentos da acusação?

– E julgo que… – e mudando repentinamente o tom, acrescentou: – Mas, deixando isso, a não fazer o que fiz, que querias tu que eu fizesse?

Jenny, desviando os olhos para um periódico de gravuras, que estava sobre a mesa, respondeu:

– Não sei que mal haveria em ceder ao impulso daqueles dois corações, visto que…

Mr.

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pág. 399 (Capítulo 35)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 399

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432