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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 26
A sua voz começava num tom médio e elevava-se rapidamente até certo ponto em que acentuava imenso a penúltima palavra de cada verso, baixando depois a voz brandamente.

Subirei aos céus num «leito» florido

Enquanto outros lutam em «mares» sangrentos.

Consideravam-no um leitor maravilhoso. Nas reuniões promovidas pelos membros da igreja incumbiam-no sempre de ler versos e, enquanto lia, as senhoras levantavam as mãos, deixando-as cair no regaço, fechando os olhos e sacudindo a cabeça como quem diz: «Não há palavras para descrever isto; é belo de mais, belo de mais para este mundo.»

Cantando o hino, o reverendo Mr. Sprague virou-se para ler uns papéis que estavam afixados na parede. Estes anúncios de reuniões e de várias outras formalidades pareciam prolongar-se até ao fim do Mundo - um estranho costume ainda hoje usado na América, mesmo nas cidades, e já posto de parte entre nós, nesta época em que os jornais abundam. Acontece muitas vezes que, quanto menos fácil se torna a justificação de certos hábitos, mais nos custa libertar-nos deles.

Em seguida o padre disse a oração. Uma oração boa, generosa e extensa. Orou pela igreja e pelos paroquianos; pelas igrejas da aldeia; pela própria aldeia; pela província; pelo Estado; pelos empregados do Estado; pelos Estados Unidos; pelas igrejas dos Estados Unidos; pelo Congresso; pelo presidente; pelos membros do Governo; pelos pobres marinheiros que navegavam em mares tempestuosos; pelos milhões de pessoas oprimidas sob o tacão das monarquias da Europa e do despotismo do Oriente; por aqueles que tendo a luz a não viam, e que tendo o bem o não reconheciam; pelos ateus nas ilhas longínquas no mar, e terminou com uma prece para que estas suas palavras encontrassem graça e favor e fossem como semente em boa terra frutificando a seu tempo. Ámen.

Houve uma restolhada de saias e a congregação que estava de pé sentou-se. O rapaz cuja história contamos neste livro não apreciou a oração; suportou-a, se é que a suportou. Esteve quieto o tempo todo, e conservou-se a par dos pormenores da oração, porque sabia mais ou menos como costumavam suceder-se, mas não porque escutasse. Por isso, quando o padre intercalava qualquer nova frase, notava-o e indignava-se, pois considerava isso um abuso. Quando a oração ia em meio, uma mosca pousou nas costas da cadeira à frente dele, e ali se conservou torturando-lhe o espírito com os seus movimentos.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 26

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174