Juro pela minha alma e pela minha honra que não pensava em tal, Joe. Como foi isto? É horrível. Ele era tão novo e inteligente!
- Vocês estavam os dois a lutar e ele deu-te uma enorme pancada com a tabuleta, que te estendeu ao comprido; logo em seguida levantaste-te a cambalear, pegaste na navalha e meteste-lha no corpo, exactamente no momento em que ele te descarregava outra cacetada. Então ficaste como morto, até agora.
- Eu não sabia o que fazia, Joe. Eu morra já se sabia! Deve ter sido tudo por causa do uísque e deste maldito trabalho. Nunca na minha vida me servi de uma arma. Tenho bulhado, mas nunca com armas. Todos sabem que é assim. Oh! Joe, não digas nada a ninguém! Promete que não dizes, joe, e que és um bom camarada. Sempre fui teu amigo e te defendi também. Lembras-te? Não dizes, pois não?
O pobre homem caiu de joelhos diante do assassino impávido, e pôs as mãos numa súplica.
- Não. Sempre foste leal comigo, Muff Potter, e não te farei o comtrário. Parece-me que isto é o mais que se pode dizer.
- Oh! Joe, és um bom camarada. Hei-de abençoar-te até ao último dia da minha vida! - disse ele, já a chorar.
- Acaba com isso. Não é altura de pieguices. Vai por aquele caminho, que eu vou por este. Mexe-te e não deixes ficar rasto.
Potter pôs-se a andar, num passo rápido que em breve se tornou uma corrida. O mestiço ficou a olhá-lo e resmungou:
- Se ele está tão aparvalhado da pancada e confuso com a bebida como parece estar, só se lembrará da navalha quando for longe; então terá medo de voltar para trás e vir sozinho procurá-la a um lugar destes. Cobarde!
Passados dois ou três minutos, a Lua, descobrindo de novo, iluminava o homem assassinado, o outro morto envolvido num cobertor, o caixão sem tampa e a cova aberta, no cemitério agora deserto. O silêncio era absoluto.