Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: Capítulo 10

Página 53

- Temos de nos calar, Tom! Sabes isso perfeitamente. Aquele Injun é um diabo, que não se importaria mais de nos afogar a nós do que a dois gatos, se nós déssemos à língua a este respeito, e se ele conseguisse escapar à forca. Olha, Tom, o melhor é jurarmos um ao outro que nos calamos. Isto é o que temos de fazer!

- Também digo que é o melhor. Estende as mãos e jura que...

- Não. Assim não. Isso serve para coisas insignificantes, principalmente quando se trata de raparigas, que sempre nos atraiçoam e falam de mais se se vêem aflitas. Mas, tratando-se de uma coisa importante como esta, é preciso escrever. E com sangue.

Tom achou a ideia genial. Era profunda, tenebrosa e horrível; além disso, adaptava-se na perfeição à hora, às circunstâncias e ao ambiente. Apanhou do chão uma tabuinha e tirou do bolso um bocado de casca de quina, esperou que a Lua descobrisse e garatujou estas linhas, apertando a língua entre os dentes, o que demonstrava a dificuldade do trabalho:

- …A gente morra se disser alguma coisa.

Huck Finn e Tom Sawyer juram guardar segredo a este respeito. TS. HF.

Huckleberry estava pasmado com a linguagem sublime de Tom e a facilidade com que escrevia. Tirou da lapela um alfinete e ia picar um dedo quando Tom atalhou:

- Espera! Não faças isso. Os alfinetes são de latão e podem ter verdete.

- O que é verdete?

- É veneno, é o que é. Um dia engole um bocado, e verás!

Em vista disto, Tom desenrolou a linha de uma das suas agulhas e cada um dos rapazes picou o dedo, que espremeu até deitar uma gota de sangue.

Fizeram isto por várias vezes e Tom conseguiu assinar as suas iniciais, servindo-se da cabeça do dedo mínimo como se fosse uma pena. Depois ensinou Huckleberry a fazer um H e um F, e o juramento ficou completo. Enterraram a tábua junto da parede, não esquecendo certas cerimônias e rezas, e acharam-se tão obrigados a guardar silêncio como se tivessem feito um juramento sagrado.

Um vulto surgiu, devagar, do outro lado da casa arruinada, mas os rapazes não o viram.

- Tom - segredou Huckleberry -, achas que isto nos obriga a ficar calados para sempre, sempre?

- Pois, está claro que obriga. Aconteça o que acontecer, não podemos dizer nem uma palavra. Se dissermos morremos, não sabes?

- Sim, já calculava isso mesmo.

<< Página Anterior

pág. 53 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174