A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 24: XXIV Pág. 378 / 508

- Quem tiver medo, que fique em casa. Ora quero mostrar a esta gente se há ou não há um homem para as ocasiões.

E estavam no meio da sala o Sr. Joãozinho e os seus arrojados camaradas, e o Brasileiro já conferenciava com o padre, que lhe respondia com sinais de inteligência, como quem tinha projectos filiados naquele movimento, quando entrou na taberna um novo personagem que, por não habitual ali, e por outras circunstâncias fáceis de conjecturar, causou geral estranheza.

Era Henrique de Souselas.

Tendo sabido da morte de Ermelinda e encontrando no Mosteiro todos ocupados com os aprestes do funeral da pequena, Henrique montou a cavalo e deu um longo passeio pelos arredores.

Na volta achou-se defronte da taberna do Canada.

Chegou-lhe aos ouvidos o rumor das altercações e das pragas que iam lá dentro, e isto resolveu-o a entrar, cumprindo, assim, a promessa que fizera a si mesmo de estudar aquele terreno, a ver se encontrava vestígios que o levassem a provar a inocência de Augusto.

Apeou-se, prendeu o cavalo ao peão da porta e entrou.

Ao entrar, percebeu que havia causado sensação a sua presença, e até, pela expressão com que o fitavam, suspeitou que talvez não fosse demasiado prudente o passo que dera.

Era tarde, porém, para recuar, e o orgulho impedia-lhe a menor manifestação de receio.

Sentou-se tranquilamente numa banca vazia.

O Canada, como taverneiro atencioso, veio informar-se pressurosamente do que desejava o recém-chegado.

Henrique pediu vinho, para pedir alguma coisa, não obstante estar firmemente resolvido a não lhe tocar.

O Canada trouxe-lhe um copo largo para diante dele, e de moto próprio associou-lhe algumas azeitonas, que recomendou como excitadoras da sede.

Henrique pediu lume para acender um charuto, e, pondo-se a fumar, correu a vista pelos grupos que enchiam a sala.





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