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Capítulo 24: XXIV

Página 377
Joãozinho.

- Não; isso lá mais devagar - acudiu o Brasileiro. - Vossemecê bem sabe que, estando ela no mausoléu do conselheiro...

- Importa-me cá o mausoléu. O senhor está a ler. Eu com um empurrão arrumo aquela plataforma a terra. Ó Cosme, olha nós, hem?

O Cosme tornou a fazer o mesmo gesto expressivo.

- Aí está quando era preciso que houvesse nesta terra um homem de vontade, que não deixasse fazer o enterro - disse o padre.

- Era bem feito, para eles saberem também que se não brinca assim com o povo.

- Lá isso era! - repetiram algumas vozes.

- Eu por mim... se alguém for... - aventurou um.

- E eu, e eu - ouviu-se dizer de vários pontos da sala.

- Deixem-se de contos - continuou o padre. - Eles fazem o que querem, porque sabem que não há um homem de coragem, que se ponha à frente do povo...

- Lá isso é que é verdade.

- Já não há homens para as ocasiões.

O morgado das Perdizes, que tinha presunções de valente, e gabava-se de ter varrido feiras a varapau, espinhou-se com estas palavras e protestou, dizendo:

- Então julgam vocês que eu, se me der para aí, não vou ao cemitério, eu só e ponho tudo aquilo em cacos? Hem?

- Isso não se faz com essa facilidade - disse o Brasileiro impertinentemente.

- A quanto aposta você? - bradou, cada vez mais afogueado, o Sr. Joãozinho.

- Ora vamos - continuava o Brasileiro com os mesmos modos.

- Não que a autoridade...

- A autoridade! Para mim é que eles vêm! Olha o regedor! O regedor comigo! E os cabos? Ó Cosme, hem? Que te parece? Os cabos connosco?

- O Cosme sorriu e resmungou por entre dentes:

- Se queres tentar...

- Com mil demónios! - disse o morgado, esgotando mais um copo - vamos a isso! Anda daí, ó Cosme! O Cosme levantou-se.

- Nada de imprudências - aconselhou o Brasileiro, de um modo que tinha a significação contrária ao pensamento que exprimia.

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pág. 377 (Capítulo 24)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 377

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506