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Capítulo 24: XXIV

Página 379
A efervescência dos ânimos havia abatido com a chegada de Henrique, como a da água em que se lançasse uma pedra de gelo.

Reinava, porém, um rumor surdo, um cochichar pouco tranquilizador, e que ameaçava degenerar em maior tormenta.

O Brasileiro escondia-se por detrás de uns homens do povo, para não ser visto; o Sr. Joãozinho olhou para Henrique, como se o não conhecesse, e conversava em voz baixa com o seu camarada Cosme, o qual fitava no recém-chegado olhares sombrios e ameaçadores.

Henrique, ainda que interiormente não tranquilo, sustentava- -os sem desviar os seus e continuava fumando quase provocadoramente.

Pouco a pouco subiu de tom a conversa dos dois, assim como a dos outros grupos.

- É preciso ensinar estes espiões - dizia uma voz audivelmente.

- Que quererá daqui este figurão? - perguntava outro.

- Era bem feito que lhe ensinassem a não se meter com a nossa vida...

O morgado, cada vez mais excitado pelo vinho, cruzou os braços sobre a mesa, e com o corpo inclinado para diante e os olhos abertos para Henrique, principiou a dizer, retardando-se-lhe já algum tanto a voz nas fauces:

- Eu, se sei que há alguém que me anda a seguir os passos e a espiar, sempre lhe dou uma lição, que lhe há-de lembrar toda a vida! Não que isto aqui não é Lisboa! Eu não admito que se olhe para mim com falta de respeito... Já disse! Eu não gosto de repetir as coisas... Tenho dito! O senhor não ouve?

Henrique continuou a fumar, sem desviar os olhos do morgado.

- Ó senhor lá... Faz favor de não olhar para mim dessa maneira.

Henrique exalou uma baforada de fumo e sorriu.

- Você ri-se... Ele riu-se, ó Cosme? Pois ele riu-se de mim? Espera!

E o Sr. Joãozinho executou um movimento para levantar-se.

O Cosme imitou-o, e os camaradas puseram-se a postos.

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pág. 379 (Capítulo 24)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 379

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506