A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 5: V Pág. 75 / 508

D. Vitória zangou-se.

- Então que pouca vergonha é essa? Parecem-me um bando de patetas! Ora vamos! Já quietos. A culpa tem a Ermelinda, que já vos devia ter levado para a quinta. Ó Senhor! esta praga de criados, que nunca há-de fazer a sua obrigação! As crianças reprimiram um pouco mais as expansões de seus júbilos, mas ainda ficaram cantando a meia voz, e em música de composição delas, o seguinte:

- Vem o primo Ângelo! Vem o primo Ângelo! Ora viva, viva! Ora viva, olé!

- Pschiu! Calai-vos! - bradou ainda D. Vitória, e, voltando-se para Madalena: - Mas então como se entende isso, Lena? Então o pai diz que vem...

- Nas vésperas do Natal.

- Sim, nas vésperas do Natal, e vai...

- Depois dos Reis.

- Sim; está bem; e... sim... e então o Ângelo?...

- O Ângelo vem com ele. Quer ver a carta?

- Não, menina. Mas é preciso não fazer confusão... então...

- Não há nada menos confuso. É só isto.

- Sim; pois agora, sim; agora está bem claro. Calai-vos, diabretes! Ó meu Deus, que consumição! Mas então porque não entregou o criado há mais tempo essa carta? Eh! Não que vocês dizem que eles...

- Ó tia, pois não ouviu que foi a mulher das cartas que se demorou, porque...

- Histórias! Não me venham para cá com esses contos. Vocês estão sempre prontos para desculpá-los. São eles...

- Ó Lena, Lena - diziam as crianças - e o primo Ângelo não torna para Lisboa?

- Há-de tornar.

- Ora!

- Olha lá, ó Lena - disse D. Vitória - sabes tu o que me lembra?... Mas eu nem sei... com estes criados que tenho... Mas a mim lembra-me... uma vez que teu pai vem com o pequeno... e... está agora cá o primo Henrique... lembra-me a mim... mas, já digo, era se eu pudesse contar com os criados que temos... lembra-me juntarmo-nos todos para consoar.





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