A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 6: VI Pág. 84 / 508

Redobrou, por isso, a solicitude no aprender; desenvolveu-se- -lhe mais e mais a inteligência, quase espontaneamente, pois justo é confessar que bem rudes eram os cuidados de cultura que o velho magister lhe sabia dar. Mas quem ignora os surpreendentes efeitos que da inteligência e do estudo, da aptidão e da vontade, podem resultar? Dotem um homem dessas duas faculdades poderosas e neguem-lhe, embora, os meios de progresso, ele caminhará, inventando- os primeiro, se tanto for preciso.

E, depois, é um grande alento aos espíritos superiores a consciência de uma nobre missão a cumprir. Não há fadigas que tal estímulo não vença; abnegação, que não inspire.

A Augusto era-lhe incitamento a ideia de que sua mãe precisava dele.

Quando ainda aos seus treze anos fosse já bem conhecida a grandeza dos sacrifícios que lhe exigiam, não hesitaria talvez, instigado por aquela aspiração; quanto mais que ainda mal lhe tinham animado os sonhos as doces imagens, tão gratas ao coração do adolescente, e a que teria de renunciar.

Suspirava por o dia do seu primeiro exame, o qual, graças aos esforços empregados, não se fez esperar muito.

Quando se aproximava a ocasião, o pai de Madalena mandou vir Augusto para Lisboa e hospedou-o em sua casa até que chegou o dia.

Não confiando demasiadamente no ensino público da aldeia, o conselheiro quis que o seu pequeno hóspede recebesse algumas lições de um professor da cidade, e deste obteve as melhores informações da inteligência do rapaz, que, só por milagre dela, conseguira sair muito pouco eivado dos vícios do ensino do campo.

Augusto demorou-se algumas semanas em casa do conselheiro.

Afinal fez o exame, no qual foi felicíssimo, obtendo nele as mais distintas qualificações.

Imagine-se o efeito que a notícia produziu na aldeia.





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