- É Tom Sawyer, o Pirata! O Vingador Negro do Mar das Antilhas!
Sim, estava assente. Era aquela a sua carreira e para a seguir sairia de casa na manhã imediata; portanto tinha de começar quanto antes a preparar-se e a reunir os seus haveres. Encaminhou-se para um tronco meio apodrecido que havia ali perto, e começou, com a sua navalha Barloui a abrir uma cova por baixo de um dos extremos. Em breve se ouviu um som de madeira oca e metendo ali a mão, Tom pronunciou estas palavras, num tom de voz que pretendia ser impressionante:
- O que aqui não veio, que venha! O que aqui está, que fique!
Depois afastou a terra; apareceu-lhe um sarrafo, que puxou, pondo à vista uma caixinha engraçada feita de ripas, dentro da qual estava um berlinde. O espanto de Tom foi enorme. Perplexo, coçou a cabeça, murmurando:
- É incrível!
Depois, despeitado, arremessou o berlinde para longe e ficou a pensar. O facto é que acabara de ver falhar uma superstição que ele e os seus
Companheiros tinham considerado infalível. Pensavam que, se enterrassem um berlinde, murmurando ao mesmo tempo certas palavras necessárias e deixando-o estar enterrado durante quinze dias, quando, ao fim desse tempo, o desenterrassem com as palavras que pronunciara, achariam reunidos todos os berlindes que houvessem perdido, por muito longe que tivessem ficado uns dos outros.