A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 9: IX Pág. 132 / 508

Chegando ao pátio, cumprimentaram os seus dois companheiros.

Henrique, depois de formular um galanteio a Madalena, ofereceu- lhe atenciosamente o braço, que Madalena recusou com alguma impaciência, porque se lembrou de Cristina.

- Muito obrigada, primo - disse ela com vivacidade. - Mas é preciso que o advirta de que não vamos passear pelas avenidas de um parque. Vamos trepar montes, atravessar ribeiras, costear precipícios, e para tudo isso é necessária a completa liberdade de movimentos. Há ocasiões em que melhor nos servem os nossos dois braços do que o braço de outro, embora seja o de um herói.

- Mas decerto que não é à borda dos precipícios que esse auxílio se escusa - replicou Henrique.

- É, muitas vezes é. Há bordas tão estreitas, que mal cabe nelas uma pessoa só; felizmente que a natureza nos dá um braço então... um braço de giestas, por exemplo.

- Vê lá, Lena - disse Cristina ao ouvido da prima. - Talvez seja melhor que aceites. Resta-me, a mim, o braço de Augusto.

- Se continuas com essas loucuras, Cristina, obrigas-me a odiar-te. Sr. Augusto - continuou, voltando-se para este - espero que tome a direcção do nosso passeio; ninguém melhor conhece os mais belos pontos de vista; leve-nos por lá, embora tenhamos de comprar as belezas à custa de perigos e de fadigas. Partamos! O monte onde se erigia a capela da Senhora da Saúde, afamada por seus milagres e pela sua romaria num círculo de muitas léguas de raio, era uma elevada rocha vulcânica que dominava as freguesias rurais de mais de dois concelhos. Estendiam-se-lhe aos pés as alcatifas da mais rica vegetação; banhava-lhos a água dos ribeiros, das levadas e torrentes, artérias fertilizadoras de extensas veigas e pomares; mas ele, o gigante orgulhoso e selvagem,





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