A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 29: XXX Pág. 458 / 508

Apesar de todas as prevenções, o que é certo é que a nova, quando viesse, feri-lo-ia como imprevista.

Sempre assim sucede.

No meio de um destes passeios agitados que dava em todas as direcções por o meio da sala, ouviu-se a detonação de algumas dúzias de foguetes.

O conselheiro parou e fez-se excessivamente pálido.

Os corações de Madalena, de Cristina, de D. Vitória e de Ângelo bateram também precipitados.

A causa estava, enfim, decidida.

A girândola apregoava uma vitória, mas não proclamava o nome do vencedor; porém, que dúvida podia haver a respeito dele? O conselheiro sentiu fraquejarem-lhe as pernas; sentou-se, e, com um sorriso amargo, disse para a família:

- Estou desautorado pelos meus antigos mandatários!

- Quem sabe, mano? Às vezes... Isto principiava a dizer D. Vitória, para dizer alguma coisa, quando Ângelo, que ficava mais próximo da janela, exclamou:

- Aí vem um homem a correr a toda a pressa!

- A correr?! - disse o conselheiro, em quem esta simples notícia infundira novo alento a todas as esperanças e dissipara a sombra das pesadas apreensões; e caminhou pressuroso para a janela.

As senhoras seguiram-no ali.

O homem, que Ângelo vira de longe, divisava-se ainda por entre os silvados de um atalho, que vinha dar à avenida da entrada do Mosteiro.

- Parece o Domingos, o criado do Tapadas... - disse o conselheiro, afirmando-se.

- Mas que pressa ele traz! - notou D. Vitória.

- Já nos viu - disse Ângelo.

- Lá acenou com o chapéu - exclamaram todos.

- Que quer ele dizer com aqueles sinais? - tornou o conselheiro, nervoso.

- Querem ver que é o que eu digo?! Olhe que venceu, mano.

- Qual! É impossível. Pois eu não sei como a votação correu? É boa! - disse o conselheiro com certo tom irritado, como de quem não quer que lhe descubram uma esperança.





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