A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 8: VIII Pág. 117 / 508

Doroteia, e julgo que ainda aparentado no Mosteiro. Lá chamam-lhe primo. Esteve lá esta manhã um par de horas, logo que saiu da minha repartição. Dizem-me que é filhote de Lisboa, solteiro, rico e sem modo de vida. Rico e sem modo de vida! Que lhe parece, hem? Olhe que sempre há gente muito feliz. Aqui para nós: sabe ao que me cheira a visita deste senhor? Aquilo é mosca que vem ao cheiro do mel. Que diz, hem? Ninguém me tira disto. Pois não lhe parece, hem?

- Não sei bem o que quer dizer com a imagem - respondeu Augusto, levemente enfadado. - Além de que não posso adivinhar as intenções de um homem que pela primeira vez encontrei esta manhã.

- Pois está claro que não; nem eu; mas enfim uma pessoa logo tira pelo que vê... Ora pois diga: um rapaz de Lisboa, afeito a divertimentos, a boa música, et coetera, andar léguas e léguas para se meter neste desterro... Porque isto é um desterro. Sim, deve concordar que não é natural. Mas, se a gente se lembrar de que a Morgadinha, et coetera... O senhor bem me percebe... Todos, hoje em dia, sabem o preço ao dinheiro, meu amigo.

A verbosidade do mestre Pertunhas estava evidentemente incomodando Augusto, que não redarguia.

- Nada, nada; ali anda plano, com certeza. Pelos modos, já depois de amanhã vai o rapaz acompanhar as pequenas à ermida da Saúde. Ah!... mas agora me lembro! o senhor é também da súcia.

- Eu?

- Com certeza. Disse-mo o Damião, que tem ordens das pequenas para o convidar. Se ainda não recebeu o recado, há-de recebê- -lo. Em todo o caso, observe-o e verá se eu tenho razão.

- Vou jantar, Sr. Pertunhas, que já há muito para isso me chamou a criada - disse Augusto, erguendo-se como para fugir àquela conversa. - Em seguida irei aos seus rapazes.

- Então vá, vá.





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