A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 9: IX Pág. 136 / 508

Chegaram, enfim, ao cimo do monte; tudo anunciava o próximo aparecimento do Sol.

- Chegámos a tempo! - exclamou Madalena que, deitando a correr, fora a primeira que atingira a planura. - Sua Majestade inda se não levantou.

Os outros estavam, dentro em pouco tempo, ao pé dela.

Houve um longo espaço de silêncio, concedido espontaneamente à contemplação daquela perspectiva solene.

As primeiras palavras que se disseram foram ditas em voz baixa, naquele tom, que insensivelmente lhes damos, quando na presença de um espectáculo grandioso e belo. Fala-se baixo e pouco; não se formulam longos períodos de aprimorado estilo, nivela-se a eloquência de todos em simples frases, como estas:

- É belo!

- É magnífico!

- É sublime! E nada mais. Pouco mais disseram os quatro na ocasião de que falamos. E eu, por análogas razões, os imitarei, desistindo de descrever o que só bem se aprecia, quando pela vista se abrange o conjunto de todo o panorama. O leitor que nunca visse alguma cena semelhante, não a imaginaria pela descrição, forçosamente pálida, que aí lhe deixasse dela; e para o que viu, a memória lhe preencherá bem a lacuna.

Desvanecida a primeira impressão, que não deixa ao espírito a serenidade precisa para os processos da análise, principiaram, como é costume, a fazerem notar uns aos outros os sítios mais conhecidos.

Isto manteve por momentos uma perfeita e desenleada familiaridade entre os quatro.

Cristina descuidou-se da sua timidez e despeitos; Madalena, dos seus projectos e desconfianças; Henrique e Augusto deixaram também a sua mútua frieza.

- Lá está o Mosteiro - disse Madalena, apontando para o lugar indicado. - Como parece pequeno, visto daqui!

- É verdade - respondia Cristina - e olha, Lena, como se vêem bem as janelas do teu quarto.





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