Segunda e não menos importante personalidade era a do Sr. Eusébio Seabra, chamado por antonomásia - o Brasileiro.
Era um homem de cinquenta anos; bem figurado e sisudo, de falar compassado e com os seus quês de oráculo, frases sentenciosas e ares de protecção a todo o mundo.
Saíra criança da aldeia e fora tentar a fortuna ao Brasil. Por lá esteve quarenta anos, e voltou o homem grave que vemos e rico. O como enriqueceu não sei, e ninguém da terra o sabia. Veio edificar uma casa no sítio em que nascera, uma casa grande de cantaria e azulejo, com três andares e varandas, jardim com estátuas de louça e alegretes pintados de verde e amarelo, o qual jardim tinha mais fama, naquelas aldeias vizinhas, do que os jardins suspensos da Babilónia. Trouxera um papagaio e uma arara, igualmente famosos, e uma botica homeopática, que ele próprio manipulava.
As ambições de Eusébio Seabra limitavam-se a vir a ser a primeira personagem de influência na aldeia.