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Capítulo 11: XI

Página 164
Para isso principiou por fazer alguns reparos na igreja paroquial, presenteou com vestidos novos todos os santos dos altares, e mandou renovar um sino, que havia doze anos tocava a rachado. Fez à sua custa a festa do orago, chegando a mandar vir fogo preso da cidade e um aeróstato, que ardeu a pouca altura do chão. Apesar, porém, de todos estes benefícios à localidade, o conselheiro Manuel Berardo, pai da Morgadinha, conquanto vivesse quase sempre em Lisboa, continuava a fazer-lhe sombra e a contrastar-lhe as ambiciosas vistas. Por isso, apesar da aparente amizade com que Seabra o acolhia e lisonjeava até, conservava por ele no fundo uma má vontade, um ciúme, de que eram de recear, tarde ou cedo, explosões.

Seabra era tão asseado, quanto o Sr. Joãozinho das Perdizes descurado no seu vestir. Usava sempre de suíça irrepreensivelmente talhada em volta do queixo; camisa muito lavada, peitos abertos e três grandes botões de brilhantes; no trajo combinavam- -se as variegadas cores de uma ave da América; e o ouro, distribuído com profusão por todos os acessórios da sua pessoa, atestava os bons resultados dos seus quarenta anos de Brasil. Passeava pela aldeia de chinelos de marroquim verde ou sapato de tapete, e era tal nele a delicadeza do andar, que voltava a casa sem que uma mancha enodoasse a alvura das suas meias de algodão fino. Aos domingos e dias de festa indignava a relva dos caminhos, calcando- -a com botas de polimento.

Além destes dois e do nosso conhecido Zé P’reira, que bebia, em silêncio, ao pé do taverneiro, havia um padre, coadjutor da freguesia, dois lavradores abastados e já de avançada idade, e outros que deixaremos confundidos na massa indistinta dos comparsas.

No momento em que entrámos, usava da palavra o Brasileiro, que estava sentado à porta da taverna, na mais limpa cadeira do estabelecimento.

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pág. 164 (Capítulo 11)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 164

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506