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Capítulo 11: XI

Página 174

Já atrás dissemos que o conselheiro era actualmente um espírito pouco apaixonado do ideal, respirava a atmosfera de desilusão e de cepticismo, em que nas grandes cidades se vive. Era um perfeito homem de corte: tratava cordialmente os seus adversários políticos, pedindo deles mercês e empregos para afilhados; fulminava- os às vezes da tribuna e depois apertava-lhes a mão nos corredores das Câmaras e nas praças. Se o julgava vantajoso, pronunciava ainda uma daquelas frases sonoras, uma daquelas simpáticas divisas de política avançada, que no princípio da sua carreira adoptara com sinceridade; mas não tinha já aos princípios o amor preciso para cair, abraçado neles, dos degraus do poder, se algum dia os chegasse a subir.

Por isso os soldados rasos de seu partido, os políticos em abstracto, únicos para quem a política é sempre ideal e lógica, o tachavam de froixo e tíbio; e de gazeta na mão havia muito que lhe ditavam, do obscuro canto do país em que viviam, a estrada direita, de que ele, porém, a cada passo se desviava.

Apesar disso, o partido conservador e o reaccionário, julgando-o por os seus primeiros discursos, continuavam de boa ou má fé, a acoimá-lo de ímpio, de republicano e de pedreiro-livre.

O Brasileiro entrou em dissertação a respeito de todas as medidas políticas a que se aludira.

Segundo o costume, ninguém o entendeu.

Ia ele no mais enredado da sua meada oratória, quando o som de um tropear de cavalos o interrompeu. Mestre Bento, que fora espreitar à porta, voltou-se, exclamando:

- Ele aí vem! Aí vem o conselheiro! Todos se levantaram pressurosos para correrem à porta. O que mais de má vontade o fez foi ainda assim o Brasileiro.

Dentro em pouco todos se descobriam. Parava à porta o conselheiro, que montava um soberbo cavalo branco, e ao lado dele Ângelo, num pequeno baio de formas elegantes e olhar vivo.

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pág. 174 (Capítulo 11)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 174

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506