A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 12: XII Pág. 179 / 508

Nos quartos próximos palravam, ainda acordados, os mais velhos, apesar das continuadas advertências da prima.

Ângelo aproximou-se sem ruído, e, quando a Morgadinha se abaixava para beijar a criança, ele estendeu a cabeça e pousou também um beijo nas faces da irmã.

Madalena soltou uma exclamação de surpresa e cingiu-o nos braços com efusão.

A criança levantou um brado, que foi o sinal de revolta dado a Mariana e Eduardo, que cedo abandonaram os quartos e correram a abraçar Ângelo.

- Vens só? - perguntou Madalena ao irmão, quando uma pergunta lhe foi possível.

- O pai ficou na loja do Canada - respondeu Ângelo. - Estava em sessão a assembleia dos notáveis. E como estás tu, minha Lena, tu e Criste e a tia? Como vai toda esta gente?

- Anda tu mesmo sabê-lo.

- Eu vou dizer à mamã - disse Mariana, saindo aos saltos.

Eu vou chamar Criste - disse Eduardo, imitando-a.

E saíram ambos, pregoando a chegada do primo.

O pequeno, que Madalena deitara, pedia, chorando, para se tornar a levantar, requerimento que a rogos de Ângelo, foi deferido.

- Diz-me - continuava no entretanto este para a irmã: - tens-te enfastiado muito, aqui só?

- Não, tenho-me divertido até.

- Deveras? E que fazes? Em que passas o tempo?

- Eu sei? O tempo é que passa, sem eu dar por isso. Leio pouco, passeio muito, trabalho mais.

- Que tens lido?

- Quase sempre relido.

- O quê?

- Nem eu sei já. O primeiro livro em que pouso a mão, quando os vejo sobre a mesa.

- O Augusto tem vindo ensinar os pequenos?

- Todos os dias.

- E o Tio Vicente? Que me dizes dele?

- Vai bom. Caiu no outro dia à levada da raiz do monte; valeu- -lhe o Augusto para o salvar.

- Sim? Pobre homem! Olha naquela idade! E a tia Doroteia?

- Tem de hóspede um sobrinho de Lisboa, um Henrique de Souselas; conheces?

- Eu não.





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