A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 13: XIII Pág. 200 / 508

- E que os escreve. Vamos. Mas, se insiste em recusar, diga-me então quem é que os escreveu na parede da capela da Senhora da Saúde para eu me dirigir a ele.

- Então houve quem escrevesse versos na parede da capela? - perguntou Augusto, sorrindo.

- Não que eu visse; mas já duas pessoas mo afirmaram, e as suspeitas de ambas recaíram no mesmo homem.

- Quem foram essas pessoas?

- De uma o ouvi agora mesmo. Foi Ermelinda.

- Ah!

- A outra foi Lena.

- Le... A Sr.ª D. Madalena?

- É verdade, minha irmã. E estranhou, com razão, que eu o não soubesse.

- E como o soube ela?

- Leu-os, e pela leitura conjecturou o autor.

Augusto calou-se como absorvido por um pensamento, que todo o preocupava.

Ângelo continuou falando, sem que fosse escutado; afinal concluiu, dizendo:

- Então quer falar ao poeta da ermida para que me dê o que lhe peço?

- Poesia não lhe pode ele dar; agora se... alguns versos o satisfazem...

- Sim, sim, venham os versos; que a poesia eu a procurarei neles, até a achar. Desde já lhos agradeço.

- A ele?

- A ambos - respondeu Ângelo, rindo. - E agora diga-me Augusto: ainda está resolvido a viver aqui sempre enterrado? Não pensa em mudar de vida?

- Nenhuma outra me namora mais; o destino que a bondade da Morgada me oferecia... não tenho coragem para aceitá-lo.

Assusta-me o peso do crepe.

- Nem eu lhe digo que deva aceitar esse. Mas o Augusto não terá amigos que o ajudem a seguir outros destinos menos obscuros do que este e menos pesados do que o que o legado lhe impunha? Meu pai já...

- Que quer? Não me posso vencer até pedir ou aceitar de outrem auxílios, quando Deus mos não tem recusado ainda; nem sei até se esses destinos, que diz menos obscuros, me fariam mais venturoso.





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