A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 16: XVI Pág. 249 / 508

Henrique de Souselas os respeitos que me são devidos, tinha ainda na minha família defensores legítimos e não seria por isso obrigada a recorrer à protecção de um estranho.

Meus senhores... E, inclinando-se senhorilmente, a Morgadinha passou por entre eles e entrou para a quinta, sem que nenhum a procurasse reter.

- Se esta senhora aceitasse a sua protecção e eu teimasse naquilo que chamou a minha insolência, qual seria, pouco mais ou menos, o seu procedimento? Poder-se-á saber? - perguntou Henrique, logo que a Morgadinha desapareceu.

Augusto, em quem a fria altivez da resposta dela deixara o desespero no coração, respondeu acerbamente:

- Procuraria ensiná-lo a ser cortês. Bem vê que não me esqueço facilmente do meu programa de mestre-escola.

- Vejo; é a segunda tentativa de lição que lhe mereço. Permite- -me que amanhã o procure para dar princípio a um curso de educação mais regular? Augusto respondeu sorrindo:

- É um cartel em forma? Não sei se estarei ensaiado para essa comédia.

- Se o génio trágico lhe agrada mais, dar-se-lhe-á esse sabor.

- Bem ouviu que se me negou o direito de tomar partido por esta causa. Qualquer cena dessas entre nós seria pouco delicada... amanhã.

- Pois bem, contemporizemos; e até lá é de esperar que algum motivo ocorra que a explique melhor... aos olhos dos outros.

- Como queira; a minha porta não se fecha a quem me procura.

E separaram-se depois de se cortejarem.

- Se me não engano - dizia consigo Henrique, em caminho do quarto - é um verdadeiro desafio o que eu acabo de dirigir a este rapaz. Quer-me parecer que estou sendo bem ridículo, desafiando um mestre-escola. Se lhe deixo a escolha das armas, decide-se por a férula. Tem graça! Veremos o que amanhã, à luz do dia, eu penso disto tudo.





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