A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 21: XXI Pág. 336 / 508

.. porque... por umas tolices de que eu me lembrarei a tempo... Ora aí tem como eles são!... Que venham para cá com os seus melhoramentos... Eu lhas cantarei! Prometo-lhes que se hão-de arrepender.

- Mas... talvez haja aí um equívoco.

- Equívoco? Ora essa! Pois eu não li a carta? Ela há-de aparecer em público; oh! se há-de! Isto é, não a parte que me diz respeito... porque enfim são negócios particulares, que não interessam a terceiros; mas umas últimas linhas dela, umas promessas do ministro, que põem a calva à mostra a este Catão, que nos anda aqui a pregar liberdade e independência! Isso há-de aparecer, e há-de ser lido com muita vontade.

- Acaso tenciona?...

- Se tenciono?! Pudera não! Eu lhe afianço que o homem há-de saber com quem se meteu. Deixe vir as eleições, deixe-as vir. Já há- -de achar o caldo azedado, quando quiser comê-lo; isso lhe prometo eu... A lição há-de levá-la breve.

- Vão guerrear a eleição do conselheiro?

- Faço essa tenção.

- E quem lhe opõem?

- O candidato que a autoridade propuser; um indivíduo de Lisboa.

- Que nem o círculo conhece?

- Que importa? É uma lição. Aqui não há política nem meia política. Eu não morro pelo governo, porque também fui ofendido pelo ministro. Mas é preciso aproveitar tudo. E assim temos por nós a autoridade, além dos padres.

Augusto não se sentia com disposições para discutir esta questão política; por isso nada mais lhe replicou.

O Seabra prosseguiu:

- O que eu quero saber é se o amigo quer entrar na nossa aliança e aceita uma proposta que eu lhe vou fazer. A vingança é o prazer dos deuses, e, visto que foi também ofendido...

- Não, senhor, não aceito - acudiu com vivacidade Augusto.

- Escute. Deixe-me concluir. Não sabe do que falo.





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