A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 4: IV Pág. 64 / 508

Acho-o bonito, gracioso...

- Vamos, vamos. Confesse que o título não é dos mais românticos e que, de boa vontade, escreveria outro nome debaixo do desenho de fantasia que aí fez, da mesma maneira que deu à humilde e fiel jumenta, que eu montava há pouco, a conformação e orelhas elegantes de um palafrém, e quase me transformou em uma amazona inglesa.

Henrique respondeu, sorrindo:

- Na impossibilidade de reproduzir as graças naturais, recorri ao expediente das belezas de convenção. Confesso o meu deplorável erro.

- Olhe que não estamos em Lisboa, primo Henrique. Repare para essas árvores e refreie o sestro galanteador com que está.

- Por quem é! Não leve o rigor a tal extremo. Tão injusta é consigo, que se recuse a aceitar, como naturais e sinceras, as frases que a sua presença inspira?

- Ai, meu Deus, como refina! Veja como essa criança, que tem no colo, o está encarando com olhos espantados. Se ela nunca ouviu falar assim aqui! Henrique beijou as faces da criança, movimento em que não ia uma intenção menos lisonjeira do que nas frases que dissera, porque ele percebia que Madalena era extremosa pelos seus pequenos primos.

Abriu-se, neste meio tempo, a porta da sala, e entrou, saltando, outra criança mais crescida, mas ainda de vestidos curtos, trazendo na mão uma folha de papel.

- Lena - dizia ela em alta voz - Olha: queres ver o que o Sr. Augusto só me emendou hoje no tema francês? Chegando ao meio da sala, parou a olhar com estranheza para Henrique.

- É o Sr. Henrique de Souselas - disse Madalena. - O hóspede da tia Doroteia. Esta é Mariana, outra de minhas primas - acrescentou, voltando-se para Henrique. - Já vê que não faltam crianças nesta casa; e ainda há mais. É o que lhe dá o ar alegre que tem.

Mariana cumprimentou Henrique e não se constrangeu por mais tempo; mostrando à prima a composição que o mestre lhe emendara, disse:

- Ora vê que não tive muitos erros.





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