É possível que o estômago mental de Tom nunca tivesse ansiado por um desses prémios, mas certamente o resto do seu ser já muitas vezes desejara a glória e o brilho que o acompanhavam.
Na altura precisa, o director, de pé em frente do púlpito, tendo na mão um livro de hinos fechado e o indicador entre as suas páginas, pediu silêncio.
Quando o director de uma escola de doutrina faz o pequeno discurso do costume, um livro de hinos na mão é-lhe tão necessário como a inevitável folha de papel de música a um cantor que canta um solo num concerto. Porquê, é um mistério, visto que nem o director olha para o livro de hinos, nem o cantor para a música. Este director era um homem magro, de uns trinta e cinco anos, com uma barbicha e cabelos amarelados; usava um grande colarinho engomado, quase até às orelhas, e cujas pontas aguçadas se dobravam junto dos cantos da boca, fazendo uma espécie de vedação que o obrigava a olhar sempre em frente e a voltar o corpo todo quando tinha de olhar para o lado; o queixo descansava sobre uma gravata do tamanho de uma nota de banco e com as pontas franjadas. Os bicos das botas estavam tão arrebitados (segundo a moda daquele tempo) que lembravam as pontas das chinelas turcas. Este efeito fora alcançado, paciente e laboriosamente, por Mr. Walters, que se conservava durante horas seguidas sentado com os pés apoiados firmemente na parede fronteira.