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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 21
O director tinha um ar honesto, que correspondia exactamente à sua maneira de ser; era tão grande a sua reverência por coisas e lugares sagrados, separava-os tanto de tudo o mais, que, sem dar por isso, a sua voz na lição de doutrina tinha uma entoação muito especial, completamente diferente da dos dias de semana.

Começou assim:

- Meus filhos, quero-os todos sentados com o máximo juízo e que me dêem a mais completa atenção durante um minuto ou dois. Ora bem. É assim que devem fazer os bons rapazes e raparigas. Vejo uma menina que está a olhar para fora da janela, talvez julgando que eu ando por ali, possivelmente em cima das árvores, a fazer um discurso aos passarinhos. (Sufocados risos de aplauso.) Quero dizer-lhes quanto prazer me dá ver tantas crianças reunidas num lugar como este, para aprenderem a ser boas e justas.

E assim por aí fora. Não é necessário repetir todo o discurso, cujo modelo não varia e é, por conseguinte, conhecido de todos nós. A última terça parte perdeu o seu brilho devido a terem recomeçado as rixas e brincadeiras entre alguns dos rapazes maus, e ao sussurro e segredos que iam abrangendo tudo, chegando a abalar os mais firmes e incorruptíveis, como Sid e Mary. Mas, de súbito, todos os ruídos cessaram, deixando ouvir a voz de Mr. Walters, e o final do discurso foi escutado num silêncio recolhido.

Parte destes segredos tinham sido ocasionados por um acontecimento mais ou menos raro - a entrada de visitas. Era o advogado Thatcher acompanhado por um homem velho e alquebrado, um outro senhor de meia-idade, de cabelo grisalho e ar importante, e uma senhora muito distinta, que devia ser mulher dele. A senhora trazia uma criança pela mão. Tom tinha estado irrequieto e barulhento; mordia-lhe a consciência, e os seus olhos fugiram dos de Amy Lawrence, cujo olhar amoroso não podiam suportar. Mas, quando viu a pequena recém-chegada, a sua alma nadou em bem-aventurança. Momentos depois começou a exibir-se o mais que pôde, esmurrando os rapazes, puxando-lhes o cabelo, fazendo caretas, numa palavra, usando todas as artes que lhe pareciam capazes de fascinar uma rapariga e merecer o seu aplauso. Só uma coisa perturbava a sua alegria: lembrar-se da humilhação que sofrera no jardim daquele anjo, mas essa mesma ficou muito atenuada sob as ondas de felicidade que o inundavam. Deram o lugar de honra às visitas e, logo que acabou o seu discurso, Mr. Walters apresentou-as à escola.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 21

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174