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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 47

Como de costume, às nove horas dessa noite a tia Polly mandou Tom e Sid para a cama. Fizeram as suas orações e Sid adormeceu logo. Tom ficou acordado e esperou na maior impaciência. Quando lhe pareceu que devia estar quase a amanhecer, ouviu dar dez horas. Que desespero! De boa vontade se mexeria na cama, como os nervos lhe pediam, mas, com receio de acordar Sid, deixou-se estar muito quieto, de olhos abertos na escuridão. Estava tudo em silêncio, mas pouco a pouco começaram a sentir-se pequenos ruídos, que se foram definindo. Primeiro, o tiquetaque do relógio; depois, as madeiras velhas começaram a estalar misteriosamente, e na escada sentiu-se o mesmo barulho. Era evidente que os espíritos andavam à solta. Do quarto da tia Polly vinha um sussurro do seu ressonar compassado, e logo começou o enfadonho cri-cri de um grilo que ninguém seria capaz de dizer onde estava. Em seguida, o zumbido monótono de um besouro, na parede, à cabeceira de Tom, fê-lo estremecer, pois significava que estava alguém para morrer. Passados minutos ouviu-se ao longe o uivar de um cão, a que respondeu outro ainda mais longe. Tom estava em ânsias. Finalmente, este sofrimento abrandou porque, a despeito de si próprio, começou a dormitar; quando o relógio bateu as onze, já não ouviu e, a par dos seus sonhos mal definidos, sentiu os gritos melancólicos de gatos em luta. Depois, o levantar de uma janela, uma voz a enxotar os gatos e o barulho de uma garrafa vazia a estilhaçar-se contra as madeiras do telheiro acordaram-no completamente. Então, não levou nem um minuto a vestir-se e a saltar pela janela. Caminhou de gatas pelo telhado, miando uma ou duas vezes, saltou para o telhado do barracão e dali para o chão.

Lá estava Huckleberry Finn com o gato morto. Os dois rapazes afastaram-se e desapareceram na escuridão.

Ao fim de meia hora caminhavam por entre a relva alta do cemitério. Este era à moda antiga do Oeste. Estava situado numa colina a cerca de milha e meia da aldeia e cercado por uma vedação de madeira, inclinada para dentro nuns lugares e para fora noutros, mas que lá se ia conservando de pé. Relva e ervas ruins cresciam em abundância por rodo o cemitério, cobrindo completamente as velhas sepulturas. Não havia ali uma pedra tumular. Sobre cada sepultura havia uma tabuleta carcomida, com a parte de cima, arredondada, mais ou menos tombada e sem ter a que se apoiar.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 47

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174