Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: I

Página 13

E exclamava para dentro de uma casa térrea, escassamente alumiada por uma candeia:

- Boas noites, tia Escolástica. Como vai a pequenada?

- Ai, é vossemecê, Sr. José? Então não entra? - respondia-lhe uma voz feminina.

- Agora, não, amanhã.

E prosseguiu para Henrique:

- É uma santa criatura. A Morgadinha... Henrique interrompeu-o:

- Aonde fica, afinal, a quinta de Alvapenha? Onde mora minha tia? Não me dirás?

- É logo aí adiante, meu patrão. Em nós passando umas casas amarelas que há aí... é logo ao pé. Essas casas que digo são também da Morgadinha, mas há uma demanda pelos modos... O almocreve falava pela décima ou undécima vez na Morgadinha.

Até esta periódica referência a uma personagem que ele não conhecia impacientava Henrique de Souselas.

E continuavam a suceder-se em enredado dédalo as quelhas e azinhagas, a ponto de fazer perder toda a orientação. Umas vezes ouviam o ruído das levadas, que as últimas chuvas tinham engrossado; adiante, transpunham uma ponte rústica, escutando das profundezas do despenhadeiro, que ela atravessava, o fragor das cascatas nos açudes ou o ranger das rodas nos moinhos.

Henrique a cada momento imaginava cair num abismo.

- São os açudes do Casal - dizia o almocreve, berrando para se fazer ouvir através do estrondo da torrente. - Pertencem à Morgadinha dos Canaviais.

Henrique nem alento já tinha para falar.

Ao triste e quase sinistro aspecto daquela aldeia, tão cerrada lhe envolveu o coração a nuvem de melancolia, que cedeu sem resistência ao crescente torpor que o invadia, como o que desespera da vida e da salvação.

Mais adiante, excitou-lhe ainda as atenções uma toada plangente, melancólica, monótona, que exacerbou estes efeitos.

- É uma fiada em casa do Tapadas - disse o almocreve.

<< Página Anterior

pág. 13 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506