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Capítulo 1: I

Página 14
- É um dos maiores amigos do pai da Morgadinha. Vê aquele muro acolá?

- Eu não vejo nada. Deixa-me!

- Pois pertence já à quinta dos Canaviais, que a Morgadinha...

- Outra vez! Cala-te para aí com essa Morgadinha - exclamou Henrique.

Era evidente enfim que estavam em pleno coração do povoado.

As casas apareciam mais juntas. De algumas saía um surdo rumor de vozes que tinha o que quer que era de lúgubre. Era a coroa rezada em família a Nossa Senhora. A voz grave do lavrador casava-se com a voz quebrada e trémula do avô, com a voz sonora e fresca da mãe, e a juvenil das raparigas e crianças naquele piedoso coro, produzindo um efeito que acabou por levar ao auge a impaciência do nosso esplenético viajante.

- Sumiu-se essa endiabrada quinta de Alvapenha, que não a acabamos de atingir? O almocreve desta vez nem respondeu; sacudiu uma chicotada sibilante junto às orelhas do muar, o qual com desusada rapidez galgou uma ladeira orlada de árvores, volveu à direita e, à voz do almocreve, estacou em frente de um portão de quinta resguardado por um telhado rústico.

- É aqui - disse o guia.

- Até que enfim! - exclamou Henrique, suspirando. Suspiro de conforto e de tristeza ao mesmo tempo, como o do homem cansado da vida, quando antevê o repouso do túmulo. Em Henrique era íntima a convicção de que a quinta de Alvapenha lhe havia de servir de cemitério.

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pág. 14 (Capítulo 1)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 14

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506