A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 9: IX Pág. 130 / 508

Esta insistência impacientou Cristina, para quem ele nem um galanteio tivera ainda.

- De maneira que nós, priminha - continuou Henrique - damos uma lição de mestre àquela arrogante de ontem. Estou ansioso por que ela nos apareça; quero ver a coragem com que ousa apresentar-se.

- Eu vou chamá-la - disse secamente Cristina. E veio dizer a Madalena, com certo modo que não podia escapar a esta: - Olha se apareces ali ao Sr. Henrique de Souselas, que não descansa enquanto te não vê.

A Morgadinha, que acabava de ajustar ao espelho as tranças, dando ao penteado a mais singela e graciosa disposição, voltou-se para a priminha e disse-lhe sorrindo:

- Isso são já ciúmes? Mal sabes quanto gosto de te ver assim! Ao menos há já vida nesse teu coração, minha pobre pequena. O que te peço é que não me odeies, só porque esse rapaz se lembrou de perguntar por quem não via.

- Estás a imaginar ciúmes, como ontem imaginavas...

- Amores? Justo; e com a mesma felicidade em acertar, podes ir acrescentando. Mas parece-me que aí está mais alguém no pátio. Ouço falar. Vai ver. Será Augusto? Nesse caso, espera-se só por mim para completar a caravana. E estou pronta. Marchemos.

Augusto havia efectivamente chegado ao pátio.

Henrique trocara com ele alguns cumprimentos, e principiaram depois ambos a passear, um ao lado do outro, à espera das que deviam ser-lhes companheiras na romagem. A conversa manteve-se pouco animada. Augusto não era expansivo com as pessoas a quem o não prendiam hábitos de longa intimidade; Henrique, talvez por não conhecer a extensão e natureza dos conhecimentos de Augusto, abstinha-se de falar nos assuntos em que entraria de mais vontade.

Falaram, pois, de coisas indiferentes a ambos, e quase frívolas; no frio,





Os capítulos deste livro