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Capítulo 10: X

Página 154

- Mas não será possível tirá-la dali? - perguntou Augusto, examinando o sítio.

- Para quê? Não podemos demorar-nos agora com isso - respondeu Madalena.

- Eu desço a cortar uma cana lá abaixo aos Moinhos e volto num momento - insistiu Augusto, dispondo-se a executar o que dizia.

Henrique notou, sorrindo:

- O alvitre é de homem prudente. Cuidei que os montanheses não eram de tão bom aviso.

E, animado pelo desejo de humilhar Augusto, por quem se sentia humilhado, e ao mesmo tempo cedendo à influência que sobre ele exercia a fascinadora figura de Madalena, Henrique arrojou-se a uma desnecessária imprudência.

Sem dar tempo a que o impedissem ou lhe fizessem qualquer reflexão, deixou-se escorregar no despenhadeiro, segurando-se com as mãos à borda do caminho; tenteou com os pés as fendas e as anfractuosidades da rocha, até conseguir firmá-los; segurou-se ora a uma raiz saliente, ora a um ramo mais tenaz; à força de vontade dominou a sua imperícia em exercícios desta ordem, e finalmente conseguiu, estendendo um braço, segurar a mantilha, que o vento arrojava ao precipício.

Depois, com dobradas dificuldades e porventura redobrados perigos, pôde, roçando-se como réptil e ferindo as mãos nas asperezas da rocha e nos espinhos das tojeiras, em que se firmava, pousar outra vez os pés em terra, sem aceitar a mão que Augusto lhe oferecia, e com gesto radiante entregou a mantilha a Madalena, fixando em Augusto um olhar de triunfo.

Os espectadores desta cena haviam-na presenciado sem soltar uma palavra, sem fazer um movimento, quase gelados de susto e de espanto.

Quando Henrique voltou com a mantilha, Augusto meneou a cabeça, murmurando:

- Que imprudência!

- Na verdade! - disse Madalena, ainda nervosa com a impressão que este incidente lhe causara - foi uma loucura; uma loucura imperdoável.

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pág. 154 (Capítulo 10)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 154

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506