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Capítulo 2: II

Página 19

Henrique não tinha ainda bem conseguido libertar-se dos roxeados amplexos e mais provas de afecto de sua tia, quando se sentiu preso em novos laços. Era Maria de Jesus, que o abraçava também e lhe pespegava nas faces dois beijos muito chiados, como aqueles que vêm a ferver do coração, e isto acompanhado de um - ai o meu rico filho! - tão eloquente como os beijos.

Henrique, habituado às etiquetas da civilização urbana, que estabelece entre amos e criados distâncias desconhecidas na aldeia, estranhou um pouco a familiaridade, mas sujeitou-se a ela sem reflexões.

Maria de Jesus dizia, ainda admirada:

- Ó senhora! Não que uma coisa assim! Pois é este o menino que vinha à cozinha limpar o tacho em que se fazia a marmelada?!

- É verdade! E que boa marmelada cá se fazia!

- Lambareiro! - dizia a tia, sorrindo - Se eu soubesse que eras assim, não tinha mandado lavar o tacho do doce, que ainda hoje serviu.

- Sim? Então ainda se faz doce cá em casa, como dantes? - perguntou Henrique.

- Pois então? Todos os anos. Mas valha-me Deus! E não querem ver nós aqui postas à palestra! Entra, menino, entra cá para dentro, que está frio e tu deves vir cansado.

- Um pouco, um pouco, tia Doroteia.

E Henrique entrou para a sala.

Demoremo-nos no limiar para informar o leitor sobre as pessoas em cuja casa se vai alojar com Henrique de Souselas.

Não se imagina a santa paz de espírito, a placidez de paraíso, que estas duas mulheres - D. Doroteia e Maria de Jesus, ama e criada - gozavam na quinta de Alvapenha, onde Henrique de Souselas ia procurar alívio aos seus muitos e variados males.

Ambas da mesma idade, ambas muito aferradas aos seus hábitos, ambas muito tementes a Deus e amigas do próximo, as duas celibatárias passavam

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 19

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506