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Capítulo 14: XIV

Página 211
Era um prodígio! Descrevendo rapidamente esta maravilhosa fábrica, sentia eu vivo orgulho de ter revelado ao Mundo uma preciosidade sem igual, e a que a unânime admiração faria cedo ou tarde justiça; tive, porém, de abandonar esta lisonjeira ideia, ao achar-me precedido por um dos romancistas mais justificadamente populares da nação vizinha. Das páginas de um delicioso quadro de costumes de Fernán Caballero, a eminente escritora de que a Andaluzia se ufana, conheci eu serem não somente nacionais, mas peninsulares pelo menos, estes modelos de presepes, com os seus ingénuos anacronismos, cunho irrecusável que o povo imprime a todas as suas obras de arte. Onde falta o anacronismo, falta a assinatura do povo.

Em todo o caso era digno da menção que dele fizemos o presepe do Mosteiro.

Enquanto Henrique e o conselheiro o estudavam por miúdo, D. Vitória fizera desfilar o cortejo das criadas para a cozinha, onde urgia o serviço, e, seguindo-as, ia-lhes demonstrando que eram as piores criadas do Mundo, por isso que, tendo tanto que fazer, perdiam tempo a cantar loas diante do presepe. D. Doroteia cedo tomou com Madalena e Cristina o mesmo caminho.

O conselheiro e Henrique ficaram nas salas com os pequenos, e com eles entraram em jogos, como se fossem crianças também.

O aspirante a ministro, o deputado, o orador, o homem grave e sério das salas de Lisboa perdera todo o ar diplomático; agora era somente o homem de família: pueril, travesso, alegre, folgazão.

- Meu caro - dissera ele a Henrique no princípio da noite - vou fazer-lhe um pedido. Hoje deve ser banido o menor assunto político, a menor discussão séria. Deixe-se correr frívola a conversa da noite; o contrário seria uma profanação, que atrairia sobre nossas cabeças as justas iras dos anjos domésticos, que nestas noites andam invisíveis misturados com a família.

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pág. 211 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 211

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506