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Capítulo 14: XIV

Página 220
Há anos, porém, deu em tomar a peito o meu procedimento político e em pregar-me sermões e dirigir-me censuras, que eu fazia por escutar com a possível resignação. Mas um dia foi mais amargo nas suas recriminações e eu achava-me com maior susceptibilidade; julgo que lhe respondi com bastante acrimónia, e o homem saiu de minha casa ofendido e protestando não voltar mais a ela.

Procurei-o, escrevi-lhe, tentei demovê-lo do seu propósito. Não houve de quê. Havia-o ferido no seu orgulho, e é intolerante nestas condições.

- Sei-o já por experiência - disse Henrique -; que numa única entrevista que tive com ele, e que durou minutos, deu-me ocasião de lhe conhecer a irritabilidade.

- Vamos, primo Henrique; talvez possa haver quem suponha que nessa entrevista não demonstrou o primo pior do que ele possuir as qualidades de que o acusa.

- Agora - continuou o conselheiro - vão consideravelmente exacerbar-se os despeitos do ervanário contra mim.

- Porquê? - perguntou Madalena.

- Porquê?... Por causa do traçado que se adoptou para a estrada.

- Então? - disseram simultaneamente Ângelo e Madalena.

- A casa e o quintal do ervanário são os primeiros cortados.

- Não pode ser! - exclamou Madalena, com evidente expressão de susto.

Ângelo dirigiu ao pai um olhar também inquieto.

Cristina não exprimiu menos apreensiva surpresa.

- É inevitável. Os dois primeiros traçados tinham certas durezas.

O primeiro era uma luva lançada a uma influência eleitoral, poderosíssima, o brasileiro Seabra.

- Ah! - disse Madalena, com certa amargura na expressão e no olhar.

O conselheiro reparou nela e em Ângelo, em cuja fisionomia se não lia menos intenso desgosto.

- Estou adivinhando que meus filhos votariam por que antes se arrostasse com os despeitos desse influente.

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pág. 220 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 220

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506